sexta-feira, 24 de julho de 2009

Vivendo das dádivas da natureza



Após alguns séculos, a Revolução Industrial deixou um legado de insatisfação, conflitos e poluição. Srila Prabhupada aqui aconselha-nos a deixarmos as fábricas, vivermos em harmonia com a Terra e tornarmos nossas metas espirituais, e não materiais.



Trechos dos ensinamentos de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada



“Os gigantescos empreendimentos são produtos de uma civilização sem Deus, e causam a destruição dos nobres objetivos da vida humana.”

“Quanto mais continuarmos a aumentar essas indústrias problemáticas para sufocar a energia vital do ser humano, tanto mais haverá inquietação e insatisfação das pessoas em geral, embora apenas umas poucas possam viver suntuosamente através da exploração.” (1)

“A energia produtiva do trabalhador é mal usada quando ele é ocupado em empreendimentos industriais... A produção de máquinas operatrizes e ferramentas aumenta o modo de vida artificial de uma classe de proprietários interessados e mantém milhares de homens à mingua e na inquietação. Esse não deve ser o padrão da civilização.” (2)

Terríveis Empreendimentos Industriais



“‘Fábrica’ sinônimo de inferno. À noite, as pessoas infernalmente ocupadas tiram proveito de vinho e mulheres para satisfazer seus sentidos cansados, mas não são sequer capazes de dormir bem porque seus vários planos especulativos mentais constantemente interrompem seu sono.”

“As masmorras de minas, fabricas e oficinas desenvolvem propensões demoníacas na classe trabalhadora.” Enquanto isso, “o capital realizado floresce à custa da classe trabalhadora, e consequentemente há severos conflitos entre eles, de muitas maneiras.” (4)

“O auge da qualidade da ignorância é a fabricação das “necessidades da vida” em indústrias e oficinas, excessivamente importantes na era de Kali (ou a era da máquina).” Por quê? “Por que, na realidade, não há necessidade das mercadorias manufaturadas.” (5)

“Qual a necessidade de uma vida artificial e luxuosa de cinema, carros, rádio, carne e hotéis? Acaso essa civilização produziu algo além das desavenças individuais e nacionais? Estaria essa civilização promovendo a causa da igualdade e fraternidade ao enviar milhares de homens a fabricas infernais e aos campos de batalha por causa dos caprichos de um homem particular?”

“O verdadeiro problema consiste em a pessoa livrar-se do cativeiro manifesto sob a forma de nascimento, morte e velhice. Alcançar essa liberdade, e não criar necessidades excessivas é o princípio básico da civilização védica... A civi1ização materialista moderna é exatamente o oposto da civilização ideal. Todos os dias, os pseudolíderes da sociedade moderna inventam algo que contribui para complicar o modo de vida das pessoas, prendendo-as cada vez mais ao ciclo de nascimentos e mortes.” (7)

“Hoje em dia, as pessoas estão muito atarefadas, procurando petróleo no meio do oceano. Elas estão ansiosas por providenciar o futuro suprimento de petróleo, mas não fazem nenhuma tentativa de melhorar as condições de nascimento, velhice, doença e morte.” (8)

“Os materialistas pensam que são avançados. Mas, de acordo com o Bhagavad-Gita, eles não tem inteligência e são desprovidos de todo bom-senso. Eles tentam gozar este mundo material até o limite extremo e por isso sempre se ocupam em inventar algo para o gozo dos sentidos. Considera-se que tais invenções materialistas são avanço da civilização humana, mas o resultado é que as pessoas se tornam mais e mais violentas e mais e mais cruéis.” (9)

Dadivas Naturais



“De acordo com a economia védica, considera-se que uma pessoa é rica pela quantidade de cereais e vacas que ela tenha. Com apenas estas duas coisas, vacas e cereais, a humanidade pode resolver seus problemas econômicos... Todas as outras coisas além destas duas coisas são necessidades artificiais criadas pelo homern para destruir sua vida valiosa no nível humano e perder seu tempo com coisas que não são necessárias.” (10)

“Se temos suficientes cereais, frutas, vegetais e ervas, então qual a necessidade de manter um matadouro e matar os pobres animais? Um homem não precisa matar animal algum se ele tem suficientes cereais e vegetais para comer. O fluxo das águas de um rio fertiliza os campos, e isso e mais do que necessitamos. Os minerais são produzidos nas montanhas, e as jóias no oceano. Se a civilização humana tem suficientes cereais, minerais, jóias, água, leite, etc., que então deveria ansiar por terríveis empreendimentos industriais à custa do trabalho de alguns homens desafortunados?” (11)

“O avanço da civilização humana não depende de empreendimentos industriais, mas sim da posse de riqueza natural e alimentos naturais, os quais são supridos pela Suprema Personalidade de Deus de modo que possamos poupar tempo para a auto-realização sucesso neste corpo de forma humana.” (12)

Podemos citar o exemplo de Dvaraka, a milenar cidade do Senhor Krsna. Dvaraka era cercada por jardins floridos e pomares de fruta junto com reservatórios de água e lótus florescentes. Não se faz menção de engenhos e fábricas abastecidas por matadouros, que são a parafernália necessária das metrópoles modernas...

“Entende-se que todo o dhama, ou bairro residencial, era cercado por tais jardins e parques com reservatório de água onde cresciam os lótus... Todas as pessoas dependiam das dádivas naturais de frutas e flores, sem empreendimentos industriais que promovem barracos sujos e favelas como zonas residenciais.” (13)

Civilização Demoníaca



“As dádivas naturais, tais como cereais e vegetais, frutas, rios, as colinas de jóias e minerais, e os mares cheios de pérolas, são supridas pela ordem do Supremo, e, de acordo com Seu desejo, a natureza material os produz em abundância ou os restringe de tempo em tempo. A lei natural é que o ser humano pode aproveitar essas divinas dádivas da natureza e com elas prosperar satisfatoriamente sem ser cativado pela motivação predatória de assenhorear-se da natureza material.” (14)

“Todas essas dádivas naturais dependem da misericórdia do Senhor. Aquilo de que necessitamos, portanto, é ser obedientes às leis do Senhor e alcançar a perfeição da vida humana através do serviço devocional.” (15)

“Todos agem sob a influência da natureza material, e somente os tolos pensam que podem melhorar sua condição explorando aquilo que Deus criou.” (16)

“A prosperidade da humanidade não depende de uma civilização demoníaca desprovida de cultura ou conhecimento, mas que possui apenas arranha-céus gigantescos e automóveis enormes que estão sempre correndo em rodovias. Os produtos da natureza são o suficiente.” (17)

“Grãos alimentícios em profusão podem ser produzidos através de atividades agrícolas, e um vasto suprimento de leite, iogurte e ghi pode ser obtido através da proteção As vacas. Mel abundante pode ser obtido com a proteção às florestas.”

“Infelizmente, na civilização moderna, em vez de se dedicarem a agricultura, os homens estão atarefados em matar as vacas, que são um manancial de iogurte, leite e ghi, estão derrubando todas as árvores que fornecem mel, e abrem fábricas que produzem porcas e parafusos, automóveis e vinho. Desse jeito, como as pessoas podem ser felizes? Elas devem sofrer todas as misérias infligidas pelo materialismo. Seus corpos tornam-se enrugados e aos poucos deterioram-se, chegando ao ponto de tornarem-se nanicos, e, devido à transpiração sórdida, exala um odor repugnante, decorrente do consumo de todos os tipos de coisas asquerosas. Isto não é civilização humana.” (18)

A Meta Mais Elevada da Vida



“O avanço da civilização não se mede pelo crescimento de engenhos e fábricas que deterioram os instintos mais refinados do ser humano, mas pelo desenvolvimento dos potentes instintos espirituais dos seres humanos, e dando-lhes uma oportunidade de voltarem ao Supremo... A energia humana deve ser utilizada adequadamente no desenvolvimento de sentidos mais refinados para a compreensão espiritual, na qual repousa a solução da vida.” (19)

“A natureza já tem um arranjo para nos alimentar: o Senhor fornece alimento tanto para o elefante quanto para a formiga...”

“Portanto pessoas inteligentes não devem trabalhar mui arduamente com o propósito de obter confortos materiais. Ao contrário, todos devem poupar suas energias para avançar em consciência de Krsna.” (20)

“Os demônios estão muito interessados em propor planos através dos quais as pessoas trabalhem arduamente como gatos, cães e porcos, mas os devotos de Krsna querem ensinar a consciência de Krsna para que as pessoas satisfaçam-se com uma vida simples e com o avanço da consciência de Krsna.” (21)

“Os sofrimentos da vida humana são causados por um objetivo de vida profano, a saber: o objetivo de dominar os recursos materiais. Quanto mais a sociedade humana se envolver em explorar os recursos materiais inexplorados visando obter gozo dos sentidos, e mais enredada na armadilha da energia material ilusória do Senhor ficará ela, e desta maneira a aflição do mundo será intensificada em vez de atenuada.” (22)

“É preciso que a civilização humana avance em direção ao objetivo de restabelecermos nossa relação perdida com Deus, coisa que as só é possível na forma de vida humana. É preciso que compreende-mos a nulidade do fenômeno material, considerando-o como uma fantasmagoria transitória, e que nos esforcemos por dar uma solução às misérias da vida. A ufania por um tipo polido de civilização animal voltada para o gozo dos sentidos é uma ilusão, e tal ‘civilização’ não é digna do nome.” (23)

“O avanço materialista da civilização... por fim acaba em guerras e penúria. O transcendentalista é avisado especificamente para que seja mentalmente constante, de modo que, mesmo no caso de ele experimentar dificuldades por viver com simplicidade e com o pensamento elevado, ele não mexa nem sequer um palmo de sua forte determinação.” (24)

“Toda a sociedade humana destina-se a adorar o Senhor Visnu [Deus]. No momento atual, contudo, a sociedade humana não sabe que esta é a meta última ou a perfeição da vida. Logo, em vez de adorar o Senhor Visnu, a população está sendo educada para adorar a matéria.”

“Graças à orientação da sociedade moderna, os homens acham que civilização avançada é aquela em que se pode manipular a matéria para construir arranha-céus, grandes rodovias, automóveis e assim por diante. Semelhante civilização certamente merece ser chamada de materialista, porque sua população ignora a meta da vida.”

“A meta da vida é buscar Visnu, mas em vez de buscarem Visnu, as pessoas se deixam confundir pela manifestação externa da energia material. Por isso, o progresso no avanço material é cego e os líderes desse avanço material também são cegos. Eles estão liderando os seus seguidores de maneira errada.” (25)

“As necessidades artificiais não poderão jamais fazer de nossa vida uma vida confortável, mas se levarmos uma vida simples e com o pensamento elevado, conseguiremos viver comodamente.” (26)

O Cego e o Aleijado




“No momento atual, a Índia pode ser comparada ao coxo e os países ocidentais, ao cego. Nos últimos dois mil anos, a Índia foi subjugada por governos estrangeiros, e as pernas do progresso foram quebradas. Nos países ocidentais, os olhos da população tornaram se cegos, devido ao ofuscante fulgor da opulência material.”

“O cego dos países ocidentais e o coxo da Índia devem unir-se neste movimento da consciência de Krsna. Então, o aleijado da Índia poderá caminhar com a ajuda do ocidental, e o ocidental cego poderá ver com a ajuda do aleijado. Em suma, o avanço material dos países ocidentais e os bens espirituais da Índia devem combinar-se para a elevação de toda a sociedade humana.” (27)

“Quem compreende o prop6sito de Krsna, a Suprema Personalidade de Deus, deve seriamente compreender a importância do movi mento da consciência de Krsna e seriamente participar dele. Ninguém deve esforçar-se por ugra-karma, ou trabalho desnecessário em busca de gozo dos sentidos.” (28)



Referências



As afirmações de Srila Prabhupada foram tiradas dos seguintes versos do Srimad-Bhagavatam (SB) e do Bhagavad-Gita (BG):
(1) SB 1.8.40, (2) SB 1.9.26, (3) SB 3.9.10, (4)SB1.1l.E
(5) SB 2.5.30, (6) SB 1.10.4, (7) SB 7.14.5, (8)SB4.28.E
(9) BG 16.9, (10) SB 3.2.29, (11) SB 1.8.40, (12)SB4.9.62
(13) SB 1.11.12, (14) SB 1.8A0, (15) SB 1.8.40, (16)SB7.14.7
(17) SB 5.16.24, (18)SB5.16.25, (19) SB1.11.12, (20)5B7.14.P
(21) SB 9.24.59, (22) SB 2.2.37, (23) SB 2.2.4, (24)SB2.2.3,
(25) SB 5.1.14, (26) SB 2.2.37, (27) SB 4.25.13, (28) SB 9.24.5

O mito da escassez





Ao contrário da crença popular, estatísticas atuais mostram que a Terra produz alimentos suficientes para facilmente manter toda a sua população. Contudo, a cobiça e a exploração forçam mais de vinte e cinco por cento da população do mundo a permanecer subalimentada e subnutrida. Srila Prabhupada condena a industrialização desnecessária por contribuir para o problema da fome e por criar desemprego, poluição e uma série de outros problemas. Nesta palestra, gravada em 2 de maio de 1973, em Los Angeles, ele advoga um estilo de vida mais simples, natural e centralizado em Deus.

ime jana-padcih svrddhdh
su-pakvausadhi-virudhah
vanadri-nady-udanvanto
hy edhante tava viksitaih

[Kuntidevi disse:] “Todas essas cidades e aldeias estão florescendo, sob todos os aspectos, porque as ervas e cereais existem em abundância, as árvores estão cheias de frutas, os rios estão fluindo, as colinas estão repletas de minerais e os oceanos plenos de riquezas. E tudo isso se deve ao Seu olhar sobre eles.” Srimad-Bhagavatam, 1.8.40

A prosperidade humana floresce pelas dádivas naturais, e não por gigantescos empreendimentos industriais. Esses gigantescos empreendimentos industriais são produto de uma civilização ateísta, e causam a destruição dos nobres objetivos da vida humana. Quanto mais continuarmos a aumentar essas indústrias problemáticas, para sufocar a energia vital do ser humano, tanto mais haverá inquietação e insatisfação das pessoa em geral, embora apenas umas poucas possam viver suntuosamente, através da exploração. As dádivas naturais, tais como cereais e vegetais, frutas, rios, as colinas de jóias e minerais, e os mares cheios de pérolas, são supridas pela ordem do Supremo, e, de acordo com Seu desejo, a natureza material os produz em abundância ou os restringe, de tempo em tempo. A lei natural é que o ser humano pode aproveitar essas dádivas divinas da natureza e com elas prosperar satisfatoriamente, sem ser cativado pela motivação predatória de assenhorear-se da natureza material. Quanto mais tentarmos explorar a natureza material, de acordo com nossos caprichos de gozo, tanto mais seremos enredados pela reação de tais tentativas predatórias. Se temos suficientes cereais, frutas, vegetais e ervas, qual a necessidade de manter um matadouro e matar os pobres animais? O homem não precisa matar animal algum se tem suficientes cereais e vegetais para comer. O fluxo das águas de um rio fertiliza os campos, e isso é mais do que necessitamos. Os minerais são produzidos nas montanhas; e as jóias, no oceano. Se a civilização humana tiver suficientes cereais, minerais, jóias, água, leite, etc., não ansiará por terríveis empreendimentos industriais, à custa do trabalho de alguns homens desventurados. Mas todas essas dadivas naturais dependem da misericórdia do Senhor. O que necessitamos, portanto, é obedecer as leis do Senhor e alcançar a perfeição da vida humana, através do serviço devocional. As observações de Kuntidevi apontam justamente isso. Ela deseja que a misericórdia de Deus lhes seja concedida, para que, por Sua graça, a prosperidade natural seja mantida.

Kuntidevi menciona que os grãos eram abundantes, as árvores cheias de frutas, os rios fluíam perfeitamente; as montanhas plenas de minerais, e os oceanos repletos de riquezas; mas nunca mencionou que indústrias e matadouros floresciam, porque essas coisas são loucuras que os homens desenvolveram para criar problemas.

Se dependermos da criação de Deus, não haverá escassez, mas apenas ananda, bem-aventurança. A criação de Deus prove grãos e ervas suficientes, e, enquanto comemos os grãos e as frutas, os animais, como as vacas, comerão o capim. Os bois nos ajudarão a produzir grãos, e só aceitarão um pouco, ficando satisfeitos com o que jogarmos fora. Se pegarmos uma fruta, e jogarmos a casca fora, o animal ficará satisfeito com ela. Dessa maneira, com Krsna no centro, haverá completa cooperação entre as árvores, animais, seres humanos e todas as entidades vivas. Isto é civilização védica, uma civilização consciente de Krsna.

Kuntidevi ora ao Senhor: “Esta prosperidade deve-se ao Seu olhar”. Quando nos sentamos no templo de Krsna, Krsna nos olha, e tudo é perfeito. Quando almas sinceras tentarem tornar-se devotas de Krsna, Krsna muito bondosamente virá perante elas, com Sua opu1ência completa, as olhará, e elas ficarão muito felizes e belas.

Do mesmo modo, toda a criação material acontece devido ao olhar de Krsna (sa aiksata). Nos Vedas se diz que Ele lançou Seu olhar sobre a matéria, agitando-a. Uma mulher, em contato com um homem, fica agitada, engravida e dá à luz filhos. A criação cósmica, segue um processo semelhante. Através do mero olhar de Krsna, a matéria fica agitada, engravida e, então, dá A luz as entidades vivas.

É apenas devido ao Seu olhar que aparecem plantas, árvores, animais e todas as demais entidades vivas. Como isto é possível? Nenhum de nós pode dizer: “Simplesmente olhando para minha esposa, posso engravidá-la”. Mas, embora isto seja impossível para nós, não é impossível para Krsna. O Brahma-samhita (5.32) diz que angani yasya sakalendriya-vrttimanti: cada parte do corpo de Krsna tem todas as potências das outras partes. Com nossos olhos podemos apenas ver, mas, simplesmente olhando, Krsna pode engravidar a outros. Não há necessidade de sexo, porque simplesmente olhando, Krsna pode criar a gravidez.

No Bhagavad-guita (9.10) o Senhor diz que mayadhyaksena pra-krti suyate sa-caracaram: “Através de Minha supervisão, a natureza material cria todas as entidades vivas, móveis e inertes”. A palavra aksa significa “olhos”. Então, aksena indica que todas as entidades vivas nasceram por causa do olhar do Senhor. Há duas espécies de rio- entidades vivas — as móveis, tais como os insetos, animais e seres humanos, e as inertes, tais como árvores e plantas. Em sânscrito, essas duas espécies de entidades vivas são chamadas de sthavara-jangama, e ambas surgem da natureza material.

Naturalmente, o que surge da natureza material não é a vida, mas o corpo. As entidades vivas aceitam diferentes espécies de corpos da natureza material, da mesma forma que uma criança aceita o corpo no dado pela mãe. Por dez meses o corpo da criança se desenvolve, a partir do sangue e os nutrientes do corpo materno, mas a criança é uma entidade viva, e não matéria. E a entidade viva que se abrigou no ventre da mãe, que então supre os ingredientes para o corpo desta ma entidade viva. Esta é a lei da natureza. A mãe pode não saber como outro corpo está sendo criado de seu corpo, mas, quando o corpo da criança está adequado para a existência externa, ela nasce.

Não é que a entidade viva nasça. Como se declara no Bhagavad-Gita (2.20): na jayate mriyate va — a entidade viva não nasce nem morre. O que não nasce não morre; a morte existe para aquilo que foi criado, mas o que não é criado não morre. O Gita diz que na jayate mriyate va kadacit. A palavra kadacit significa “em tempo algum”. Na verdade, a entidade viva nunca nasce. Embora vejamos que nasceu uma criança, a verdade é que ela não nasceu. Nityah sasvato ‘yam puranah. A entidade viva é eterna (sasvata), sempre existente, e muito, muito velha (purana). Na hanyate hanyamane sarire: não pense que quando o corpo for destruído a entidade viva também o será. Não, a entidade viva continuará a existir.

Um cientista amigo meu me perguntava: “Qual é a prova da eternidade?” Krsna diz que na hanyate hanyamane sarire: “A alma não morre quando o corpo morre”. Essa dec1araçao, em si, já é uma prova. Esse tipo de prova chama-se sruti, prova estabelecida por declarações ouvidas através da sucessão discipular, que vem do Supremo. Um tipo de prova é a lógica (nyaya-prasthana). Pode-se adquirir conhecimento por lógica, argumentos e pesquisa filosófica. Porém outra forma de prova é sruti, prova estabelecida por ouvir das autoridades. Uma terceira forma de prova é smrti, prova estabelecida é por afirmações derivadas do sruti. O Bhagavad-gíta e os Puranas são smri, os Upanisads são sruti e o Vedanta é nyaya. Desses três, a sruti-prasthana, ou a evidência do sruti, é especialmente importante. Pratyaksa, o processo de receber conhecimento através da percepção direta, não tem valor, porque todos os nossos sentidos são imperfeitos. Por exemplo: vemos o Sol todos os dias, e ele nos parece como um pequeno disco, talvez de vinte centímetros de diâmetro; mas, na verdade, ele é centenas de vezes major que a Terra. Então, qual é o valor da percepção direta, através de nossos olhos? Nós temos tantos sentidos, através dos quais recebemos conhecimento — os olhos, os ouvidos, o nariz e assim por diante — mas, como estes sentidos são imperfeitos, qualquer conhecimento que consigamos através deles também serão imperfeito. Como os cientistas tentam compreender as coisas exercitando seus sentidos imperfeitos, suas conc1usões são sempre imperfeitas. Svarupa Damodara, um cientista entre nossos discípulos, perguntou a um cientista amigo seu, que diz que a vida vem da matéria: “Se eu lhe der os elementos químicos com os quais é possível produzir vida, você será capaz de produzi-la?” O cientista respondeu: “Isto eu não sei”. Isso é conhecimento imperfeito. Se você não sabe, seu conhecimento é imperfeito. Por que, então, você se tornou um professor? Isso é enganação. Nosso argumento é que, para nos tornarmos perfeitos, precisamos tomar 1ições do perfeito. Krsna é perfeito, por isso recebemos conhecimento dEle. Krsna diz que na hanyate hanyamane sarire: “A alma não morre quando o corpo morre”. Por conseguinte, esta compreensão de que a alma é eterna é perfeita. Kuntidevi diz que ime jana-padah svrddhah supakkausadhi-vi-rudhah: “Os cereais são abundantes, as árvores cheias de frutas, os rios fluem, as montanhas estão cheias de minerais e o oceano repleto de riquezas”. Que mais se pode desejar? A concha produz péro1as, e outrora as pessoas decoravam-se com pérolas, pedras preciosas, seda, ouro e prata. Mas onde estão essas coisas agora? Hoje em dia, com o avanço da civilização, há muitas moças bonitas que não tem ornamentos de ouro, pérolas. ou jóias, mas apenas bijuterias plásticas. Qual é então, a utilidade de indústrias e matadouros? Em virtude do arranjo de Deus, pode-se ter suficientes grãos alimentícios, suficiente leite, suficientes frutas, suficientes vegetais e água de rios cristalinos. Mas eu tenho visto, em viagens pela Europa, que todos os rios lá estão poluídos. Pela lei da natureza, a água do oceano é mantida clara como cristal, e a mesma água é transferida aos rios, mas sem sal, para que se possa tomar água pura.. Assim é a natureza, e o jeito da natureza é o jeito de Krsna. Qual é, então, a necessidade de construir grandes reservatórios de água?

A natureza já nos deu tudo. Se desejamos riqueza, podemos vender pérolas e ficar ricos. Não há necessidade de enriquecer abrindo uma fábrica enorme, que produza carrocerias de automóveis. Através desses empreendimentos industriais só se tem criado problemas. Por outro lado, precisamos apenas depender de Krsna e da misericórdia de Krsna porque, devido ao olhar de Krsna (tava viksitaih), tudo é posto em ordem. Então, se simplesmente orarmos pelo olhar de Krsna, não haverá possibilidade de escassez ou necessidade. Tudo será completo. A idéia do movimento da consciência de Krsna, portanto, é depender das dádivas da natureza e da graça de Krsna.

Dizem que a população está aumentando, e, por conseguinte, estão interrompendo esse crescimento através de métodos artificiais. Por quê? Os pássaros e abelhas sempre aumentam sua população e não usam métodos anticoncepcionais. Por acaso lhes falta alimento? Alguma vez já vimos pássaros ou animais morrerem por falta de comida? Talvez isso aconteça na cidade, se bem que muito raramente. Mas, se formos floresta, veremos que todos os elefantes, leões, tigres e outros animais estão muito bem alimentados e fortes. Quem os está alimentando? Alguns deles são vegetarianos, e outros não, mas nenhum está sofrendo por falta de alimento.

Naturalmente, devido à lei da natureza, o tigre, sendo carnívoro, não consegue comida todo dia. Além do mais, quem encararia um tigre para transformar-se em seu alimento? Quem diria ao tigre: Pode “Senhor, sou um filantropo e vim aqui para alimenta-lo. Assim, aceite meu corpo”? Ninguém. Por isso, o tigre tem dificuldade em encontrar comida. E logo que o tigre sai, há um animal que o segue de fazendo barulho como “faio, faio”, para que os outros animais saibam: “Agora o tigre está saindo para caçar”. Assim, pela própria natureza, o tigre tem dificuldade, mas, apesar disso, Krsna lhe supre alimentos. Depois de aproximadamente uma semana o tigre terá a temos oportunidade de capturar um animal, e, como não consegue alimento fresco diariamente, ele mantém a carcaça em algum arbusto e come um pouco cada dia. Como a tigre é muito poderoso, as pessoas desejam transformar-se em leões ou tigres, mas essa não é uma boa idéia, porque, tornando-se um tigre, a pessoa não conseguirá alimento diariamente, mas terá que procurar por comida com muito esforço. Tornando-se vegetariana, entretanto, obterá alimento todos os dias. O alimento vegetariano existe em toda a parte.

Hoje em dia, em todas as cidades, existem matadouros, mas significa isso que os matadouros podem suprir o bastante para que todas as pessoas vivam comendo apenas carne? Não, não haveria suprimento suficiente. Mesmo os comedores de carne têm de comer cereais, frutas e legumes junto com seu bife. Ainda assim, para seu pedaço de carne diário, eles matam tantos animais inocentes. Isso é muito pecaminoso. Cometendo tais atividades pecaminosas, como querem ser felizes? Essa matança não deveria ser praticada, e por isso as pessoas estão infelizes. Mas, para quem se tornar consciente de Krsna e depender simplesmente do olhar de Krsna (tava viksitaih), Krsna para ai suprirá tudo, e não haverá possibilidade de escassez.

Às vezes parece haver escassez, e outras vezes vemos que as frutas e os cereais são produzidos de maneira tão abundante que as pessoas nem tem como comê-los. Então, tudo isso se deve ao olhar de Krsna. Se quiser, Krsna pode produzir uma quantidade imensa de cereais, frutas e vegetais, mas se Krsna quiser restringir o suprimento, que bem poderá fazer a carne? Você pode me comer ou eu posso comê-lo, mas isto não resolverá o problema.

Para verdadeira paz e tranqüilidade, e uma provisão suficiente de leite, água e tudo o mais que precisamos, temos apenas que depender de Krsna. Isto é o que Bhaktivinoda Thakura nos ensina quando diz que marabi rakhabi — yo iccha tohara: “Meu querido Senhor, rendo-me ao Senhor e dependo do Senhor. Agora, se o Senhor quiser, pode me matar ou me’ proteger”. E Krsna responde: “Sim. Sarva-dharman parityajya mam ekam saranam vraja — Basta render-se exclusivamente a Mim”. Ele não diz: “Sim, dependa de Mim e também de suas fábricas e matadouros”. Não. Ele diz: “Dependa apenas de Mim”. Aham tvam sarva-papebhyo moksayisyami: “Eu o salvarei dos resultados de suas atividades pecaminosas”. Porque vivemos tantos anos sem sermos conscientes de Krsna, temos vivido apenas uma vida pecaminosa, mas Krsna nos garante que tão logo nos rendamos a Ele, Ele imediatamente acabará com todas as nossas dividas e porá fim a todas as nossas atividades pecaminosas, para que possamos começar vida nova. Por isso, ao iniciarmos um discípulo, dizemos: “Agora a divida acabou. Não cometa mais pecados”. Não se deve pensar que, como o santo nome de Krsna pode anular As reações de atividades pecaminosas, pode-se cometer um pequeno pecado e cantar Hare Krsna para anulá-lo. Esta é a major das ofensas (namno balad yasya hi papa-buddhih).

Os membros de algumas ordens religiosas vão à igreja e confessam seus pecados, mas novamente comete mas mesmas atividades pecaminosas. Qual é, então, o valor de sua confissão? Pode ser que alguém confesse: “Meu Senhor, por ignorância cometi este pecado”, mas ela não deve planejar: “Vou cometer atividades pecaminosas e depois irei à igreja confessá-las. Assim os pecados serão anulado se poderei começar mais um capitulo da vida pecaminosa”. Analogamente, ninguém deve, conscientemente, tirar proveito do cantar do mantra Hare Krsna, para anular as atividades pecaminosas e poder voltar a executar atos pecaminosos. Temos que ser muito cuidadosos. Antes de aceitar iniciação, o discípulo promete não comer mais carne, não praticar sexo ilícito, não se intoxicar e não jogar, e este voto deve ser seguindo à risca. Assim, ele se manterá sempre limpo. Mantendo-se limpo serviço devocional, sua vida será um sucesso, e não haverá escassez de nada que ele desejar.

De volta à vida simples




Esta conversa entre Sua Divina Graça A. C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada e alguns de seus discípulos ocorreu no fazenda New Vrindaban da ISKCON, Virgínia Ocidental, em 24 de junho de 1976.



Discípulo: Srila Prabhupada, certa vez o senhor disse: “O trator é a causa de todos os problemas. Ele roubou todo o trabalho agrícola dos jovens. Ele os forçou a irem para a cidade e a se envolverem com a sensualidade”. O senhor disse que as pessoas tiveram que abandonar o campo e a vida simples da bondade e da consciência de Deus. E então eles foram para a cidade e se enredaram numa vida de ansiedades, o modo da paixão.

Srila Prabhupada: Sim. Na cidade, as pessoas naturalmente caem no modo da paixão: constante ansiedade devido é luxúria e esforços desnecessários. Na cidade estamos cercados por toda a classe de objetos artificiais para agitar nossa mente e sentidos. E, naturalmente, ao conseguirmos estas facilidades, ficamos luxuriosos. Entramos no modo da paixão e ficamos cheios de ansiedade.

Discípulo: No campo é mais tranqüilo. é mais fáci1 pensar em vida espiritual.

Srila Prabhupada: Sim. Ha menos doença. Tudo é menos estressante. No campo as dores cruciantes deste mundo material são atenuadas. Desse modo, você pode organizar sua vida visando a um beneficio verdadeiro. Beneficio espiritual. Compreender Deus; tornar-se consciente de Krsna. E se há um templo em sua casa ou perto dela, você tem uma vida muito feliz. Você trabalha só um pouco — apenas para sua manutenção — um mês e meio na primavera para plantar, e um mês e meio no outono para colher. E durante o tempo restante, você desenvolve sua riqueza cultural. Você ocupa todos os seus talentos e energias para compreender Deus. Consciência de Krsna. Esta é a vida ideal.

Você pode ver os minúsculos filamentos desta for? Nenhum outro processo manufatureiro deste mundo pode fazer isso — filamentos tão pequenos. E que cor brilhante! Por estudar apenas uma for, você se tornará consciente de Deus.

Há um mecanismo que chamamos de “natureza”. E dele vem o que vemos a nossa volta. Agora, como é possível que esse mecanismo seja tão perfeito? E quem foi que projetou esse mecanismo?

Discípulo: Certa vez em Londres o senhor disse: “Eles não sabem que as flores são pintadas. Krsna pinta as flores através de Seu pensamento”.

Srila Prabhupada: Sim. A maioria das pessoas pensa que por si mesma, sem um pintor, esta flor se tornou bela. Isto é tolice. “A natureza a fez.” Natureza de quem? Tudo está sendo feito pelo mecanismo natural de Krsna. Parasya saktir vividhaiva sruyate: o Senhor está orquestrando tudo através de Suas inumeráveis e inconcebíveis energias.

De qualquer maneira, aprendam a amar este modo de vida num espaço aberto. Produzam seus próprios cereais. Produzam seu próprio leite. Poupem tempo. Cantem Hare Krsna. Glorifiquem os santos nomes do Senhor. No final da vida, voltem para o espiritual para viver para sempre. Vida simples, pensamento do — vida ideal.

As modernas e artificiais “necessidades da vida” talvez pareçam melhorar esse dito conforto. Mas se a pessoa esquece a verdadeira meta da vida, isto é suicida. Queremos parar com esta forma de governo suicida. Diretamente não tentamos parar com o atual tecnológico. O aparente avanço tecnológico é suicida, mas não costumamos falar sobre isto.

Hoje em dia as pessoas estão muitíssimo apegadas a este dito avanço. Portanto, quando o Senhor Caitanya apareceu há quinhentos anos, Ele deu uma fórmula simples: cantem Hare Krsna. Mesmo sua fábrica tecnológica, você pode cantar. Prossigam apertando -botões de suas máquinas, mas cantem: “Hare Krsna, Hare Krsna” Todos podem se dedicar a Deus. O que há de errado nisso?

Discípulo: Os lideres sabem que quando alguém começa a os nomes de Deus, no decorrer do tempo ele perde seu gosto esta vida apreensiva da tecnologia.

Sri1a Prabhupada: Isso é natural.

Discípulo: Desse modo, as lideres sabem que estamos plantando sementes de sua destruição.

Srila Prabhupada: Onde está a “destruição”? Ao contrário, é construção: dedique-se a Deus, e viva para sempre. Este é o caminho adequado. Siga-o. Você viverá para sempre.

Através de nosso método, tyaktva deham punar janma naiti: após deixar esse corpo material, você não mais aceitará corpos materiais. Você recobra seu corpo espiritual e volta ao mundo espiritual. Mas sem esta compreensão espiritual, tatha dehantara-praptih: ao deixar este corpo material, você terá de aceitar outro corpo material.

Portanto, considere os dois métodos de vida. Qual é o melhor?

O método “avançado” — aceitar mais corpos materiais. Ou método “antiquado” — não mais aceitar corpos materiais. Qual é O melhor?

Assim que alguém aceita um corpo material, tem de sofrer: nascimento, velhice, doença e morte. Corpo material significa sofrimento. Portanto, se nos preparamos para que, após deixar este corpo, não mais precisemos nos submeter a sofrimento, isso é inteligente. Mas se nos preparamos para receber outro corpo material para sofrer mais, isso é inteligente? A menos que você compreenda o Senhor, a menos que você compreenda Krsna, terá de ficar neste mundo material e aceitar outro corpo. Não há alternativa.

Todavia, em nosso método compreendemos primeiro que na hanyate hanyamane sarire: quando o corpo se acaba, a alma continua vivendo. Infelizmente, muitas pessoas se tornaram tão ininteligentes que não conseguem compreender essa verdade simples.

Todos os dias de suas vidas, elas vêem que uma alma num corpo de bebê vai aceitar um corpo infantil, então um corpo adolescente, depois um corpo adulto e mais tarde um corpo idoso. As pessoas vêem, com os próprios olhos, como a alma transmigra de um corpo para outro corpo e então para outro corpo.

Entretanto, com seus cérebros obtusos elas não conseguem entender que na hora da morte, quando o corpo envelhecido se acaba, a alma vai para outro corpo, material ou espiritual. Mas elas não conseguem entender isso. Elas são tão ininteligentes! Não são capazes de fazer a simples distinção entre o corpo e a alma. Levará quinhentos anos para ensinar-lhes essa verdade simples — sua educação é tão avançada...

Graças à dita educação moderna, as pessoas se tornaram como asnos — sem nenhuma percepção da diferença entre o corpo e a alma.

Nossas crianças aqui tomam bastante leite?

Discípulo: Sim, tanto quanta desejam.

Srila Prabhupada: Sim. As crianças devem tornar pelo menos dois copos de leite par dia. Se elas tomam bastante leite, seus corpos ficam robustos e fortes, e elas desenvolvem uma inteligência aguçada para entender a diferença entre a corpo e a alma.

As pessoas vêem como nosso estilo de vida simples e natural beneficia a sociedade? Elas sabem que não matamos nossos filhos através de aborto, senão que as mantemos com baldes e baldes de leite? Esta não é uma civilização melhor?

Considere este ponto. Devida ao egoísmo, ou ao receio de “superpopulação”, elas matam as crianças — as mães matam as próprias filhos. Isso é civilização?

Discípulo: No Bhagavad-gíta Krsna diz que aqueles que estão no modo da ignorância aceitam a irreligião coma religião, e a religião como irreligião.

Srila Prabhupada: Religião? Para esses patifes de hoje, religião não existe. E não existe moralidade. Par exemplo, aqui temos tantas crianças, mas jamais dizemos: “Não podemos manter essas crianças — vamos matá-las”. Jamais dizemos isso.

Tantas crianças? Não se preocupem. Que todas elas sejam treinadas coma cidadãos conscientes de Krsna, conscientes de Deus. Que elas vivam confortavelmente e tomem bastante leite.

Então, qual é a civilização melhor? Correr par ai em automóveis — put-put-put-put-put — e matar o próprio filho. Isso é civilização?

Discípulo: Num sentido, algumas das crianças aqui nem mesmo são nossas. Quando, por exemplo, uma mãe descasada vem viver conosco, naturalmente também acolhemos seus filhos.

Srila Prabhupada: Isso é compaixão. Nós acolhemos as crianças —mas as patifes de hoje em dia as matam. Então, par que as pessoas não vêem a distinção entre nossa civi1izaçAo tradicional e sua suposta civilização moderna?

Discípulo: Elas não tem nenhum bom argumento contra nossa civilização e nassa compaixão, exceto que querem ser livres para fazer o que bem entendem. Nenhum empecilho. Completa liberdade.

Srila Prabhupada: Mas elas não são livres. Pelo contrária, são tolas. Não são livres. Quem pode estar livre da lei da natureza? Mas ainda assim elas pensam: “Somos livres”. Isso é apenas tolice.

Se você de fato fosse livre, então seria outra coisa. Mas pela lei da natureza você não é livre. Você é responsável até mesmo por seu mais insignificante ato. Ainda que você cometa a mais insignificante
maldade, será responsável. Então, qual é sua liberdade? Ahankara-vimudhatma kartaham iti manyate: “Identificando-se erroneamente com o corpo material, a alma confundida julga estar agindo livremente, mas na verdade suas atividades são levadas a cabo pelo corpo e pelos modos da natureza”. Porque a alma quer considerar-se a agente independente, porque quer aceitar a crédito e ser “responsável”, ela se torna responsável. Porque cia prefere agir par sua própria canta a agir em nome de Deus, então ela fica sujeita a prestar contas. Portanto, qual é sua liberdade? A energia material do Senhor — essa energia que chamamos de “natureza” — continua trabalhando, com ou sem sua aprovação. Se você é livre, então por que seu corpo está envelhecendo e vai morrer? Se você é livre, então não morra. Ninguém quer morrer — a menos que seja um louco. Então, por que esses patifes de hoje em dia pensam que são livres quando na
verdade estão fadados a morrer? Qual é a resposta?

Discípulo: Eles dirão alguma insensatez. “Eu aceito a morte como parte da vida.”

Srila Prabhupada: A morte faz “parte da vida”?

Discípulo: Sim. “É natural.”

Srila Prabhupada: Então, seu patife, par que quando há algum risco de marte, você foge? Sente-se e morra. [Risada].

Na verdade, você não aceita a morte está apenas blefando, falando tolices. Você não quer morrer. Isso é um fato. Está falando tolices “Eu aceita a morte” — mas você não a aceita. Não, não aceita mesma. Mas como não tem escolha, então diz: “Eu aceito a morte”. O fato verdadeiro é que você não quer morrer. Infelizmente, você descobre que não tem nenhuma alternativa. “Então aceito. Tudo bem.” [Risada.]

Eles podem falar essas tolices, mas um homem inteligente não quer morrer. Ele deseja atingir a realização espiritual e então retornar para o mundo espiritual e viver com Deus. Ele deseja encontrar a maneira de evitar a morte para sempre.

Discípulo: Certa vez um estudante universitário me disse: “Morte? Não tenho medo da morte”. Porém, quando fiz que ia bater nele, naturalmente ele se esquivou de medo. “Viu?” eu disse. “Você tem medo.”

Srila Prabhupada: Mesmo um cão teme a morte. Que se dizer então de um homem. Quando os animais vão ser abatidos, eles choram de medo. Mesmo as animais temem a morte. Portanto, é óbvio que o homem teme a morte. Todos temem a morte.

Discípulo: As vezes as pessoas dizem: “Estamos nos divertindo. Por que vocês vivem nos aborrecendo falando sobre a morte?”

Srila Prabhupada: Por quê? Porque eu amo você. E sou inteligente o bastante para entender que quando você morrer, quando deixar esse corpo, poderá obter um corpo degradado e passar sua vida seguinte como um cão. Eu me preocupo com você “Por favor, amigo, não se torne um cão”.

Digamos que uma criança esteja empinando um papagaio do telhado de algum prédio, e um cavalheiro a vê — correndo despreocupadamente daqui para ali, quase caindo do telhado. É claro que o cavalheiro dirá: “Ei! você vai cair!” Este é seu dever.

Então, a criança talvez grite: “Deixe-me em paz! Por quê você está me aborrecendo?” [Risada]

“Porque sou um ser humano,” dirá a homem, “e você é uma criança tola. Por isso, eu a estou aborrecendo.”

Srila Prabhupada: “Aborrecer” alguém que vai se matar — isso é natural. Mesma que você não conheça a outra pessoa, ainda assim, se você for um cavalheiro, desejará dar-Ihe alguma proteção. Esse é o dever de um cavalheiro.

Talvez alguém diga: “Mas, acima de tudo, você está aborrecendo a si mesmo. Por que você está aborrecendo a si mesmo?” Mas como ser humano, devo me preocupar. Todo ser humano verdadeiro fará o mesmo.

Mesmo o Senhor Krsna vem — aborrecendo a si mesmo. Yada yada hi dharmasya glanir bhavati bharata: “Sempre que essas pessoas da Terra se tornam patifes e tolas, Eu desço de novo e as liberto”.

Desse modo, aqueles que são servos de Deus — eles fazem a mesma coisa, em nome de Deus. E por isso são enaltecidos, porque fazem a trabalho de Deus. Eles não enganam a público.

Portanto, para o bem das pessoas em geral, eu lhes peço que adotem essa vida rural com grande entusiasma. Ajudem as pessoas a conhecer este tradicional modo de vida natural. Vocês devem ajuda-las a ver como elas podem ser felizes, como podem voltar ao Supremo.

Por isso, desenvolvam este projeto — vida simples, pensamento elevado. Esta civilização moderna é tão detestável! Uma civi1ização detestável, artificialmente aumentando as ditas necessidades da vida. Anartha — “melhoramentos” desnecessários e prejudiciais.

Discípulo: Não o teríamos entendido caso o senhor tivesse dito isso oito ou dez anos atrás. Agora entendemos um pouco melhor.

Srila Prabhupada: Sim. Vejam essa luz elétrica, por exemplo. Para obtermos luz precisamos apenas cultivar mamona e extrair o óleo. Como tudo o mais, obtemos luz da Terra. A civilização moderna obtém luz de complicados geradores elétricos. Mas na verdade eles obtém energia do petróleo. Isso quer dizer que eles também obtém a sua energia da Terra.

Eis a diferença: nós obtemos nossa energia de maneira tão simples e fácil. Mas para encontrar petróleo eles têm de cavar enormes buracos na terra e até mesmo incomodar o solo do oceano. Portanto, isso é chamado de ugra-karma, trabalho horrível. E tão logo cessar seu suprimento de petróleo, tudo parará.

Vejam só. Tudo o que você precisa fazer é cultivar um pouco de mamona, extrair o óleo, colocá-lo num pote, adicionar um pavio e haverá luz. Mas mesmo que aceitemos que você melhorou um pouco o sistema de iluminação, ainda assim, iluminação não é a necessidade principal da vida. E para permanecer artificialmente avançado — passando da lamparina de óleo de mamona para esta 1âmpada elétrica moderna — é necessário trabalhar tão arduamente. E necessário ir para o meio do oceano e lá cavar o seu solo. Dessa maneira, você esquece seu verdadeiro dever espiritual na vida.

Deus lhe deu tanta energia e inteligência para atingir a auto-realização. Primeiro você deve compreender essa posição precária em que está — morrendo repetidas vezes, vida após vida, e nascendo repetidas vezes em diversas espécies de vida para sofrer mais e mais. Este é o seu problema, e esse problema tem de ser resolvido agora que você recebeu uma forma humana.

Na vida humana, afinal de contas, você possui inteligência desenvolvida. Mas em vez de usar essa inteligência desenvolvida em prol da auto-realização, o homem moderno a usa para passar da lamparina de óleo de mamona para a lâmpada elétrica. Isso é tudo.

Tente apenas entender esse ponto. Qual é o aprimoramento dessa civilização moderna? Enquanto estava preocupado em evoluir da lamparina de óleo de mamona para a lâmpada elétrica, você esqueceu seu verdadeiro dever. Você perdeu seu verdadeiro eu.

Todavia, essa dita civilização prossegue com esse avanço. Isto se chama maya, ilusão. Em troca de alguma felicidade fictícia, você fracassa em seu verdadeiro dever, em todo o propósito de sua vida.

Talvez você não admita, mas está sob o controle da natureza: mais cedo ou mais tarde, você terá de deixar este corpo material. Talvez você faça um ótimo arranjo para viver com conforto aqui. Mas a natureza não permitirá que você viva com conforto aqui. Você terá de morrer.

E após a morte você ainda vai obter outro corpo material. talvez nesta vida você trabalhe para manter uma casa com lâmpadas elétricas de primeira classe e assim por diante. Você trabalha tão arduamente. Mas, se na vida seguinte, devido às leis da natureza, você obtém um corpo de cão, então qual! é o beneficio? Ninguém pode deter as leis da natureza. Assim, se a natureza lhe concede um corpo de cão como recompensa a seus esforços, qual é o beneficio? Hum? Qual é a resposta?

Discípulo: Vida simples, pensamento elevado.

Srila Prabhupada: Sim, mas aqui está a acusação. Agora, qual é sua resposta? Nesta vida talvez você esteja vivendo muito confortavelmente. Mas Se, devido ao fato de negligenciar Deus e a alma, em sua vida seguinte você nasce como um cão, então qual é o benefício?

Esta é a acusação. Então, como este “homem moderno” irá responder a essa acusação? Ele pode negar que vai nascer como um cão?

Discípulo: Ele dirá que não acredita nisso.

Sri1a Prabhupada: Não importa se ele acredita ou não acredita. Veja esta criança. Ele é apenas um menininho, por isso não sabe nada sobre seu futuro. Mas sua mãe sabe, seu pai sabe e eu sei que algum dia ele vai ser um rapaz.

Se ele diz: “Não, não serei um rapaz”, isto é infantilidade. Seus pais sabem que este menino vai se tornar um rapaz, e por isso deve receber boa educação. Este é o dever de seus protetores. É óbvio que uma criança — ou alguém que é infantil — não sabe o que vai ser no futuro. Ele não conhece a futuro de sua vida. Mas isso quer dizer que o futuro de sua vida não é um fato?

Por isso, a criança talvez não acredite que irá ter o corpo de um jovem. Ela talvez não saiba que no futuro terá de aceitar outro corpo.

Mas essa ignorância pode alterar o fato? Ele pode acreditar ou não.

Não faz diferença.

E, do mesmo modo, se os patifes de hoje em dia dizem: “Eu não acredito na vida seguinte — eu não acredito que irei ter uma vida seguinte”, a ignorância deles não altera o fato. Os patifes, os loucos, podem falar assim, mas o fato — a lei da natureza — permanece. Karanam guna-sango ‘sya: De acordo com a maneira que você age, de acordo com os modos da natureza em que você se enredou, irá receber um corpo adequado em sua vida seguinte. O fato verdadeiro e que esses patifes terão de aceitar um corpo exatamente adequado a seu desenvolvimento espiritual, ou falta de desenvolvimento espiritual. O que eles acreditam ou deixam de acreditar não faz nenhuma diferença.

Discípulo: Mas se eles argumentarem: “Vocês querem que nós larguemos nossa civilização industrial para podermos passar mais tempo nos preparando para a vida seguinte. Mas essa civilização baseada na vida rural parece-nos muito difícil. Preferimos trabalhar numa fábrica por oito horas e então voltar para casa e nos divertir”.

Srila Prabhupada: Não, vocês podem se divertir, assim como nós. Nós comemos, dormimos e assim por diante; todos fazem isso de alguma maneira. Mas se você se diverte de tal maneira que se esquece de seu verdadeiro dever espiritual na vida, isso é inteligente? Seu verdadeiro dever, agora que recebeu esta forma humana, é aprimorar sua vida seguinte — recobrar sua forma espiritual original e voltar ao lar no mundo espiritual.

De qualquer maneira, você terá uma vida seguinte. Agora, digamos que devido a suas ações atuais, em sua vida seguinte você tenha de aceitar a forma de um cão. Isso é sucesso? Portanto, todos devem aprender essa verdadeira ciência: como, em vez de se tornar um companheiro de cães, poder se tornar um companheiro de Deus. Isso é inteligência. Isso é sucesso.

Discípulo: Porém, nesta vida, por que é melhor, por exemplo, obtermos iluminação através do óleo de mamona? E se consideramos que é melhor obter iluminação através da extração de petróleo? Por que cultivar mamona é melhor do que escavar buracos para extrair petróleo?

Srila Prabhupada: Você precisa de alguma espécie de iluminação. Tudo bem. Por isso, você resolve esse assunto tão simples e rapidamente quanto possível. Durante o resto do tempo que poupou, você busca e aperfeiçoa sua auto-realização. Você aprende sobre a alma e sobre sua relação com a Alma Suprema. Esta e a vida ideal. Essa criança, por exemplo, só pensa em brincar — e não em se tornar educada e culta. Ela só quer melhorar seus brinquedos ou sua brincadeira. Isso é inteligência muito boa?

Discípulo: Não, do ponto de vista educacional, ela está desperdiçando muito tempo. Mas, a respeito desse assunto — as pessoas nas fazendas trabalham horas e horas a fio.

Srila Prabhupada: Isso não acontece em fazendas pequenas, digamos, de dois ou três hectares. Na primavera você trabalha um mês e meio ou dois para plantar; e no outono, um mês e meio ou dois para colher. Se você pensa que aprimorar seus arranjos elétricos é melhor do que levar uma vida simples, não temos nenhuma objeção. Mas se você esquece seu verdadeiro dever espiritual, isto é inteligente?

Discípulo: Não, é.

Srila Prabhupada: Esta é a nossa proposta. O verdadeiro interesse da vida é tornar-se consciente de Deus, consciente de Krsna. Se apenas para melhorar sua condição material você esquece seu verdadeiro dever espiritual, isso é inteligente? Por isso, essa dita inte1igência moderna d chamada de duskrti Krti significa “recursos”. Mas dus significa “atividades pecaminosas e prejudiciais”. Eles utilizam seus recursos para atividades prejudiciais. Consideremos, por exemplo, esses comedores de carne de hoje em dia. Quando os homens incivilizados que vivem na floresta precisam comer algo, eles atiram flechas ou 1anças em algum pobre animal. O animal então morre e eles comem sua carne. Esses comedores de carne de hoje em dia, entretanto, em vez de matarem o animal com uma lança, criaram matadouros com sofisticada maquinaria para matar o animal.

Talvez eles pensem que isso d desenvolvimento. “Agora, usamos nossa sofisticada maquinaria em vez de atirar uma 1ança. O método antiquado leva tanto tempo. Mas agora podemos matar muitíssimos animais por hora.” Isso é desenvolvimento?

Veja só a que ponto chegaram esses tolos e patifes. Eles acreditam que seus matadouros constituem um aprimoramento, um marco da civilização. “Quando éramos incivilizados, atirávamos uma lança em algum animal e comíamos sua carne. Mas agora, embora o mesmo — matar algum pobre animal e comer sua carne —, melhoramos nossa técnica de matança.” É isso o que acontece em nome de avanço da civilização. Você acha que isso é avanço da civi1ização?

Agora que levamos uma vida simples nesta fazenda — por fim, somos civilizados. Por exemplo, em vez de matarmos a vaca, apenas tomamos seu leite sem matá-la — e então fazemos manteiga, iogurte, creme de leite, ricota, coalhada e toda a classe de preparações deliciosas. Isto é civilização.

Mas matar é pecaminoso. Ninguém tem o direito de matar criatura alguma — nem mesmo uma formiga — porque ninguém pode devolver a vida a essa criatura. Portanto, matar é contra a lei da natureza, a lei de Deus.

Nas escrituras o Senhor nos adverte: “Matar é uma transgressão das leis da natureza, Minha lei. Matar criaturas inocentes é a atividade mais pecaminosa. Se você usa seus recursos humanos para realizar essa atividade tão pecaminosa, então terá de sofrer em sua vida seguinte”.

Discípulo: Mas nós, homens modernos, não acreditamos que os matadouros são pecaminosos.

Srila Prabhupada: Essas dec1arações disparatadas — “Nós acreditamos...” “Nós não acreditamos...” Se você quebra a lei mais básica de Deus — “Não matarás” — então você é um patife. Portanto, que diferença faz o que você acredita ou não acredita? Você não passa de um patife.

Quem se importa com o que um patife acredita ou deixa de acreditar? Por exemplo, uma criança pode receber uma informação concreta e dizer: “Eu não acredito”. Sua mãe dirá: “Você é um patife. Vá para o seu quarto”.

Por isso, os patifes podem acreditar ou não que terão uma vida seguinte e que não devem matar os animais. Quer acreditem, quer não acreditem, qual é a diferença? A vida seguinte faz parte da lei da natureza. Aqueles que não acreditam são mudhas, asnos. E em sua vida seguinte eles irão para seu quarto — a Mãe Natureza os confinará em corpos de porcos, cães ou asnos.

Tatha dehantara-praptih. No Bhagavad-gíta, o Senhor Krsna dá este exemplo simples: Assim como a alma obtém novos corpos nesta vida — primeiro um corpo de bebê, então um corpo de criança, a seguir um corpo de adolescente, depois um corpo de adulto e por fim um corpo de velho — do mesmo modo, depois desta vida, ela obterá um outro novo corpo.

Qual é a dificuldade para entender este fato simples? Sabemos que qualquer que seja o corpo que tenhamos no momento, ele não permanecer. No ventre, a alma tinha um corpo minúsculo. Ao nascer, ela tinha um corpo consideravelmente maior — um corpo novo. E com o decorrer do tempo, ela obterá um outro novo corpo, e depois um outro novo corpo, e mais outro novo corpo. E se no final desta vida ela permanece ignorante de sua verdadeira identidade espiritual, então a natureza a forçará a entrar em outro ventre e em outro novo corpo material.

Portanto, é muito difícil lidar com patifes que não acreditam no eu espiritual — a alma. É difícil lidar com esses patifes ignorantes. Isso é um fato. Mas devemos saber também que em sua ignorância, tudo o que eles fazem na vida resulta em derrota. Derrota. Eles perdem a oportunidade inestimável de voltar para o mundo espiritual. Em vez disso, eles terão de ficar neste mundo material e aceitar mais e mais corpos materiais — mais ciclos de nascimento, velhice, doença e morte. Os patifes ignorantes, em virtude de sua própria ignorância, são derrotados automaticamente.

[Para um discípulo] Seu bebê acredita que vai ter um corpo de jovem?

[Para o bebê:] Você acredita? [Risada.] Hum? Qual é sua opinião? Agora, aqueles que são comedores de carne irão obter corpos abomináveis em suas vidas seguintes. Em virtude de sua crueldade brutal, a natureza os forçará a aceitar corpos de porcos e cães.

Portanto, por que você não informa essas almas desafortunadas? Diga-lhes: “Amigo, você não precisa matar animais. Quando uma de nossas vacas morrer, você pode vir aqui à nossa fazenda e levar a carcaça. Você terá um farto suprimento de carne, sem nenhuma despesa”.

Discípulo: Isso seria ilegal. O governo não permitiria tal coisa.

Sri1a Prabhupada: Matar é ilegal, de acordo com a lei de Deus. Mas o governo não quer seguir a lei de Deus. Eles preferem seguir seus próprios caprichos cruéis.

Por um lado, o governo proíbe os comedores de carne de comer animais que morreram de morte natural. Por outro lado, eles permitem que os comedores de carne submetam milhões de animais a uma morte antinatural e dolorosa nos matadouros.

São esses as patifes que estão no poder. Mas legalmente — de acordo com a lei de Deus — eles deveriam permitir que os consumidores de carne comessem apenas animais que morreram de morte natural.

Na Índia, por exemplo, depois que algum animal morre, as pessoas vêm e levam a carcaça — de graça. Eles levam sem ter que pagar nada. Eles utilizam a pele para fazer sapatos e assim por diante. Eles utilizam a carne para comer. Que eles cozinhem e comam isso, se quiserem. O fazendeiro não cobra nada.

E nós não cobraríamos nada. “Aqui está. Podem levar isso. Por que criar matadouros? Levem isso.”

Discípulo: Hoje em dia o governo se opõe até mesmo ao fato de se deixar as animais selvagens comer a carcaça.

Srila Prabhupada: Que! Se as chacais e raposas vêm e comem a carcaça, a governo não gosta? Ele preferiria que as chacais e raposas viessem comer as pessoas da cidade?

Se esses animais selvagens tem alguma carcaça para comer, eles não atacam as seres humanos. Se um animal selvagem não estiver faminto, ele não nas atacará. Mesmo um tigre feroz — se sua fome está satisfeita, ele não ataca.

Portanto, algum dia, quando o governo for constituído de homens santos, não haverá mais matadouros. E vocês poderão anunciar:

“Temos carcaça de vaca — grátis”. Quem for açougueiro e sapateiro poderá levar a pele e a carne de graça. Se tivessem que obter essas coisas de algum matadouro, teriam de pagar. Mas dessa maneira eles terão mais lucro.

Discípulo: Srila Prabhupada, muitas pessoas podem contestar: “Não queremos comer uma carcaça envelhecida, quase decomposta. O animal tem de ser morto em vida”.

Srila Prabhupada: Esse argumenta não é válido. Por exemplo, nos aviões eu vejo outras passageiros comendo lagosta. Ela é tão decomposta que se tornou exatamente como pus. E é assim que eles comem. Discípulo: Eles não podem comer um animal quando a carne está fresca. Eles jamais comem carne de vaca fresca. Eles envelhecem a carne pelo menos três semanas; senão, dizem eles, não é saborosa. [Risada]

Srila Prabhupada: Sim. De qualquer maneira, a carne tem de ser parcialmente decomposta. Portanto, assim como se faz com as seres humanos, deve-se permitir que as animais morram de marte natural.

Discípulo: Srila Prabhupada, podemos ressaltar todos as benefícios desta civilização espiritual ideal, mas muitas pessoas dirão “Isso está bem para vocês, mas não é prático para nós”.

Srila Prabhupada: O que não é prático para vocês em nosso sistema de civilização? Nosso sistema significa realização espiritual e com paixão — bondade para com todas as criaturas do Senhor. E seu
sistema significa crueldade civilizada. Seu sistema também não é prático para nós.
Sim, este é nosso sistema tradicional: levar uma vida simples, tratar com bondade todas as criaturas do Senhor e, então, no final da vida, voltar para a mundo espiritual. E qual é a sistema desses patifes
modernos? Levar uma vida luxuosa, tratar cruelmente os animais e os bebês não nascidos e, então, ir para o inferno. O sistema deles não é prático para nós. Não podemos seguir esse sistema.
Porém, de qualquer maneira, se pudermos manter uma comunidade perfeita baseada em vida simples e pensamento elevado, isso será suficiente. Não há necessidade de angariar votos. Pouco a pouco
as pessoas verão por si mesmas que esse modo de vida tradicional é de fato conveniente e muito prático.
Agora, você recebeu esta jóia: vida espiritual é tranqüila.

Então faça um bom usa dela. Tome sua vida perfeita. Brahmanda bhra-mite kona bhagyavan jiva, guru-ksna-prasade paya bhakti-lata bija .“Após vagar par muitas universos durante muitas vidas, a alma afortunada obtém a misericórdia de um mestre espiritual genuíno e de Krsna — e a semente do eterno serviço devocional ao Senhor.” Também não dizemos às pessoas: “Civilização espiritual quer dizer que você passa fome, que você desnecessariamente cria dificuldade para seu corpo”. Não. “Viva bem. Coma bem. Mas leve uma vida simples, para que você possa poupar tempo para avançar em consciência de Deus.” Este é nosso programa. E qualquer um pode aprender isso, casa queira.

Afinal de contas, mesmo esses patifes de hoje em dia são seres humanos, dotados de inteligência humana. Eles podem aprender.

Portanto, prosseguiremos falando a verdade. Mas levar essa vida na prática é a nosso principal dever. Quer algum de meus discípulos tenha ou não a propensão a pregar, que ele pregue através do exemplo. Que sua própria vida seja perfeita. Que ele ensine por seu próprio exemplo.

O segredo é tornar o Senhor o centro de tudo o que fazemos.

Preocupe-se com Krsna. Então naturalmente você não terá que se preocupar com o corpo material. Dedique toda a sua afeição a Krsna. Então, você não terá de dispensar excessiva afeição ao corpo material, que, afinal de contas, é temporário e não é seu verdadeiro eu.

Porque as pessoas hoje em dia caem no conceito errôneo de que a corpo material é o eu, elas conseqüentemente desperdiçam tanto tempo, esforço e dinheiro. Não é assim? E tudo por algo que não vai perdurar. Por que não transferir nosso amor para o eu espiritual e para o Eu Supremo — torná-lO nosso amado e desfrutar a vida com Ele eternamente? Esse é a nosso sistema de civilização.

Discípulo: Srila Prabhupada, a senhor disse que se a pessoa glorifica Krsna, então seu coração se torna glorioso e ela se sente satisfeita.

Srila Prabhupada: Sim. Este sistema de civilização não é uma mera moda ou um capricho. É para nosso benefício. Por vermos e ouvirmos Krsna ser glorificado, ficaremos satisfeitos. Isso é natural: nós nos sentiremos satisfeitos porque de fato somos seres espirituais, partes integrantes de Krsna.

Por isso, mostrem às pessoas como elas podem servir e glorificar o Senhor em sua vida cotidiana. Então elas se livram da propensão a ir a supermercados procurar algum nova invento ou alguma nova moda para glorificarem a si mesmas. Tudo isso estará acabado. Milhões e bilhões de pessoas — glorificando ao Senhor, elas serão felizes. Este é o nosso sistema de civilização: todos satisfeitos.

Mesmo esses animais que vivem conosco em nossas fazendas estão satisfeitos. Eles não têm medo. Se eles estão descansando e algum de meus discípulos se aproxima, eles não fingem nem ficam com medo. Eles chegaram a entender: “Essas pessoas nos amam. Eles não vão maltratar-nos. Estamos seguros. Estamos em casa”. Qualquer animal, seja um pássaro, seja um fera, pode perceber esse sentimento de segurança e amizade.

Vejam só essas vacas. Elas sabem que todos vocês são seus amigos. Os animais podem entender isto. Pode-se fazer amizade até mesma com leões e tigres. Sim. Eu já vi isso. Na Feira Internacional de Nova Iorque, um homem abraçava um leão, e o leão brincava com ele como um cão brinca com seu dono. Eu vi isso.

Discípulo: Também é comum vermos esse tipo de coisa em circos — um homem enfiando a cabeça na boca do leão.

Srila Prabhupada: Sim.

Discípulo: Se você não o alimentou, então é perigoso. Mas se você o mantém bem alimentado, pode até enfiar a cabeça dentro de sua boca.

Srila Prabhupada: Naturalmente. Animal significa “ser vivo, ser espiritual”, não alguma pedra morta. Por isso, ele pode entender: “este homem está me alimentando — ele é meu amigo”. O sentimento de amor, amizade — tudo isso existe até mesmo nos animais.

Discípulo: Tudo, exceto consciência de Deus.

Sri1a Prabhupada: Em geral a alma só pode chegar à consciência de Deus na forma de vida humana. Mas mesmo numa forma animal ela pode se tornar consciente de Deus, mediante a associação com alguém que seja consciente de Deus.

Discípulo: Srila Prabhupada, eu pensei que o senhor tivesse dito que o amor é impossível entre seres humanos e animais, porque eles pertencem a espécies diferentes.

Srila Prabhupada: Pertencer a mesma espécie é muito conducente para o amor. Mas o amor é possível entre qualquer entidade viva — porque toda entidade viva é espirito, parte integrante de Deus, o Espirito Supremo.

Portanto, amor genuíno requer que centralizemos nosso amor em Deus, em Krsna. Esse amor pode tornar este mundo tão bem-aventurado quanta Vrndavana, o mundo espiritual, onde os seres humanos amam a Krsna, os animais amam a Krsna, as árvores amam a Krsna, todas amam a Krsna — onde todos amam-se uns aos outros, porque Krsna é a ponto central. Essa é a perfeição da civilização, a perfeição do amor.

Prosperidade em um mundo civilizado




Palestra dada par Srila Prabhupada no dia 19 de setembro de 1977
em Los Angeles; sabre o Srimad-Bhagavatam (1.3.14).



Tradução: Ó brahmanas, sob a nona encarnação, o Senhor, invocado pelos sábios, aceitou a corpo do rei Prthu, que cultivou a terra para produzir vários víveres, e por essa razão a terra ficou bela e atrativa.

Este verso se refere a Maharaja Prthu. Seu pai foi o rei Vena, e o pai de Vena foi Anga. O pai de Vena casou-se com a filha da morte personificada. isso indica que a família não era de boa estirpe. E como resultado do tal casamento nasceu um filho chamada Vena, que veio a ser um canalha de primeira classe. O pai de Vena tentou reformá-lo de várias maneiras, mas não conseguiu. O filho não se corrigia. Então, o pai ficou desgostoso e um dia deixou o lar sem que sua família ou oficiais do governo soubessem. Sem sua presença, passaram a ocorrer irregularidades no reino. Assim como temos experiência hoje em dia, se não há um governo forte, as canalhas, ladrões, contrabandistas e tantos outros elementos perturbadores proliferam. Eles sempre existem, mas nesse momento eles aproveitam a oportunidade. Tão logo haja alguma revolução, distúrbio político ou má administração de governo, esses elementos indesejáveis surgem. Assim, quando a pai de Vena Maharaja partiu de casa, o reino ficou turbulento. Então, as sábios e pessoas santas pediram à rainha: “Seu filho, embora seja indigno, deve se tornar o rei. Deve haver algum rei”. Assim, devido ao desejo das pessoas santas, este Vena tornou-se o rei.

Quando Vena se tornou o soberano, os canalhas e ladrões foram de imediato subjugados. Porque o rei era a maior canalha, os canalhas menores foram subjugados de imediato. Esse foi um dos benefícios de sua administração, porque ele era muito forte e cruel. Quando ele pegava um ladrão, imediatamente cortava-Ihe a cabeça. Assim, eles eram subjugados, mas ele mesmo era um canalha. Essa é a nossa experiência, “a razão está com os poderosos”. Se você é forte, então pode subjugar os fracos. Mas ele tornou-se muito perturbador, porque era um ateísta. Ele ordenava: “Deus não existe. Eu sou Deus. O que quer que eu diga. todas devem aceitar”. Ele disse aos sacerdotes: “Parem de executar cerimônias religiosas; isso não é necessário”. Dessa maneira, ele se tornou muito perturbador.

Então, certo dia, todos as sacerdotes e sábios vieram dar-lhe algumas instruções. “Meu querido rei, não é seu dever parar com todas as classes de atividades religiosas.” Assim como os governantes ateístas de hoje, ele dizia: “Por que vocês estão tentando pacificar a Deus? Eu sou Deus. Se vocês de fato são conscientes de Deus, então simplesmente ajam do acordo com minha ordem”. Quando as sábios e religiosos ficaram desgostosos, Vena foi morto pelo desejo deles. Eles eram tão fortes que, através de uma simples maldição, eles puderam matá-lo.

Depois que Vena foi morto, os canalhas e ladrões voltaram a aparecer. Então, do corpo de Vena, os sábios criaram dois filhos. Um deles foi mandado para a floresta, porque era exatamente como o pai. E o segundo foi o rei Prthu. que era uma encarnação dotada de poder por Deus. Ele provou ser um grande rei nesta Terra. Ele produzia alimentos em abundância. Do exemplo da vida do rei Prthu, pudemos entender como deve ser um bom governo. Prthu Maharaja foi um rei ideal.

A Terra não estava produzindo suficientes cereais, por isso ele a atacou dizendo: “Por que você não está produzindo?” Mãe Terra disse: “Porque as pessoas se tornaram demoníacas. Elas só comem, mas não fazem seu dever; portanto, diminuí a produção de cereais”. Este é um ponto muita importante. A terra pode produzir enormes quantidades de cereais. Não há questão de superpopulação, porque, devida à misericórdia de Deus, todas estão recebendo suficientes alimentos. Deus fornece alimentos a todos. Como costumo dizer, não há escassez de alimentas. Só essas pessoas que se dizem civilizadas e avançadas em ciência é que tem problemas de alimentação. Neste mundo há milhões de elefantes - eles estão comendo muito bem. Existem formigas, existem tigres, existem oito milhões e quatrocentas mil espécies de vida. De que eles se alimentam? As pessoas matam animais para comer, mas os animais não vêm a elas dizendo: “Estamos famintos — dê-nos alimento!” Jamais.

Devida ao arranjo da natureza, há alimentos para todos. As vacas comem grama, e fornecem-nos ótimo leite. E do leite podemos fazer centenas e milhares de preparações saborosas e nutritivas. Porém, somos tão tolos que, em vez de utilizar o leite, preferimos o sangue. Os cientistas sabem que a leite não passa de uma transformação do sangue. Pela vontade de Deus, a vaca dá cerca de vinte litros de leite diariamente, mas ela mesma não toma leite. Embora seja seu leite, ela não o bebe. Ela dá esse leite à sociedade humana: “Tome. Mas não me mate. Eu só como grama”. Mas os homens “civilizados” as matam. E ao mesmo tempo eles querem paz — vejam só esses tolos.

Sem pedirem nosso alimento, as vacas comem a grama que é dada por Deus. E nos dão a mais refinado alimento: o leite. Logo depois de nascer, a pessoa só pode beber leite. Assim, desde o início da vida, ela se mantém do alimenta dado por sua mãe, a vaca, mas essa pessoa depois a mata. Essa é a sua gratidão. Vejam só! E eles se dizem “civilizados”.

Portanto, não há problema de escassez de alimento. Conforme mãe Terra disse ao rei Prthu, era ela que estava restringindo a quantidade de alimento. Quanta mais as pessoas se tornam pecaminosas, mais há escassez de alimento. Essa é a lei da natureza, No final dessa era em que vivemos, não haverá mais cereais. Afirma-se isso nas escrituras sagradas. Não haverá cercais, nem frutas, nem leite, nem açúcar. Todos terão de se alimentar de carne e sangue. Nessa ocasião, estando famintas, as pessoas matarão os próprios filhos e comerão sua carne e sangue. Este dia está chegando. Essa é uma civilização muita horrenda. Ela só pode ser salva através da divulgação desse movimento da consciência de Krsna. Não há outra maneira.

Nossa primeira restrição é que não se deve comer carne. Consumo de carne, intoxicação, jogos de azar e sexo ilícito são as atividades mais pecaminosas. Esses são os quatro pilares da irreligiosidade. Como alguém pode pensar em Deus enquanto está numa condição pecaminosa? Deus não é barato. Segundo a sistema desses patifes, a pessoa pode fazer qualquer coisa, mas depois verá a Deus.

Esse disparate acontece hoje em dia. Deus é muito bondoso, mas se queremos permanecer pecaminosos, não poderemos ver a Deus. Deus é o mais puro. Então, como podemos nos aproximar dEle sendo impuros? Isso não é possível.

A questão é que se a população do mundo se torna pecaminosa, então a natureza não supre suficientes alimentos. Ela diminui o suprimento. Temos experiência disso. Em alguns lugares, vemos que em certos anos há superprodução de frutas. Elas custam muito barato. Mas em alguns anos não há suprimento. Às vezes há superprodução de cereais e às vezes há falta. Essa é nossa experiência.

Portanto, se mantivermos as coisas em ordem, de acordo com os preceitos das escrituras sagradas, teremos suficientes alimentos. Não há questão de escassez. Mas se as pessoas são pecaminosas e demoníacas, então o suprimento de alimentos por fim cessará. Ninguém pode produzir alimentos em fábricas. Elas podem produzir carros para consumir todo o petróleo da Terra, e então as pessoas não terão mais gasolina. Depois, eles jogam fora todos esses carros e vão em busca de alguma nova invenção. Isso eles podem fazer. Porém, através desse avanço científico, não se pode produzir alimentos.

Isso aconteceu no passado. Porque o pai de Prthu Maharaja era um demônio e parou com todas as atividades religiosas, as pessoas se tornaram demoníacas e por isso houve falta de alimentos. Então, Prthu Maharaja fez os devidos arranjos para mudar essa situação. Prthu Maharaja fez com que toda a sociedade se tornasse religiosa, consciente de Deus, e tudo se tornou belo.

Pode-se fazer a mesma coisa agora. Se as pessoas se tornarem conscientes de Krsna, o mundo inteiro se tomará belo como o mundo espiritual, sem nenhuma ansiedade. Isso é possível, se seguirmos a lei da natureza. Quando, por exemplo, alguém se torna criminoso, a polícia não o deixa em paz. Mas isso é um serviço dispendioso para o governo, porque requer um contingente adicional de policiais, administradores e assim por diante. Mas se as pessoas se tornarem honestas, conscientes de Deus, então os gastos serão reduzidos, e o dinheiro economizado será usado para espalhar a consciência de Krsna. Então o mundo inteiro se tornará tal qual ele era nos dias de Prthu Maharaja.

Desse modo, Prthu Maharaja era um ótimo rei. Ele não apenas ajudava a produzir alimentos suficientes, mas também verificava que todos os homens tivessem empregos. Não havia desemprego. Todos devem estar ocupados. Hoje em dia, a despeito de tanto avanço tecnológico, existem milhares e milhares de desempregados. É dever do governo garantir que todas tenham trabalho. Todos devem ter algum meio de manutenção. Esse é um bom governo.

Focalizando a unidade global




Dezembro de 1969: Numa palestra em Boston diante da Sociedade Estudantil Internacional. Srila Prabhupada apresenta uma solução simples e prática, todavia profunda, para a paz e harmonia mundiais. Observando o crescente número de bandeiras no edifício das Nações Unidas em Nova Iorque, ele afirma que o internacionalismo está fracassando porque “seu sentimento internacionalista e meu sentimento internacionalista são conflitantes. Temos de encontrar o centro adequado para nossos sentimentos amorosos... Esse centro é Krsna”.



Muito abrigado por participarem conosco neste movimento da consciência de Krsna. É de meu conhecimento que esta sociedade chama-se Sociedade Estudantil Internacional. Existem muitas outras sociedades internacionais, tais como as Nações Unidas. Sendo assim, a idéia de uma sociedade internacional é muito boa, mas devemos tentar entender qual deve ser a ponta central de uma sociedade internacional.

Se atiramos uma pedra no meio de um lago, um círculo se expandirá até o limite da margem. De forma semelhante, as ondas de rádio se expandem num círculo, e quando a pessoa capta as ondas com seu rádio, ela pode ouvir a mensagem. Da mesma forma, nosso sentimento amoroso também pode expandir-se.

No início de nossa vida, só pensamos em comer. Tudo o que uma criancinha pega, ela quer comer. Ela só tem interesses pessoais.

Então, quando a criança cresce um pouco, ela tenta partilhar os objetos com seus irmãos e irmãs: “Tudo bem. Você também pode comer um pouco”. Isso é um aumento do sentimento do companheirismo. Desse modo, à medida que cresce, ela passa a sentir algum amar por seus pais, então por sua comunidade, depois por seu país e, por fim, por todas as nações. Mas sem que o centro seja correto, essa expansão do sentimento — mesmo que seja nacional ou internacional — não é perfeita.

Por exemplo, o significado da palavra nacional é “alguém que nasceu num pais especifico”. Você se sente solidário com os outros americanos porque eles nasceram neste país. Você pode chegar a sacrificar a vida por seus compatriotas. Mas existe um defeito: Se a definição de nacional é “alguém que nasce num país especifico”, então por quê as animais nascidos nos Estados Unidos não são consideradas americanos? O problema é que não estamos expandindo nossas sentimentos além da sociedade humana. Porque não consideramos que os animais são nossos compatriotas, nós os enviamos para o matadouro.

Portanto, o centro de nosso sentimento nacional ou de nosso sentimento internacional não está fixo no objeto apropriado. Se o centro está correto, então podemos desenhar diversos círculos ao redor desse centro e eles jamais vão se sobrepor. Eles simplesmente vão continuar crescendo cada vez mais. Eles não vão se entrecortar caso o centro esteja correto. Infelizmente, embora todos tenham sentimentos nacionalistas ou internacionalistas, falta o centro. Portanto, seu sentimento internacionalista e meu sentimento internacionalista, seu sentimento nacionalista e meu sentimento nacionalista, são conflitantes. Por isso, temos de encontrar o centro apropriado para nossos sentimentos amorosos. Então, você pode expandir seu círculo de sentimentos sem que ele se sobreponha ou entre em conflito com os demais.

Esse centro é Krsna.

Nossa sociedade, a Sociedade Internacional da Consciência de Krishna, está ensinando às pessoas de todos os países que a centro de toda a afeição deve ser Krsna. Em outras palavras, ensinamos as pessoas a serem mahatmas. Talvez vocês já tenham ouvido esta palavra mahatma antes. É uma palavra sânscrita que se aplica a alguém cuja mente é expandida, cujo círculo de sentimentos é muito expandido. Isto é um mahatma. Maha significa “grande” ou “grandiosa” e atma significa “alma”. Por isso, aquele que expandiu muitíssimo sua alma chama-se mahatma.

O Bhagavad-gíta [7.19] dá uma descrição da pessoa que expandiu seus sentimentos muito amplamente:

bahunam janmanarn ante
jnanavan mam prapadyate
vasudevah sarvam iti
sa mahatma su-durlabhah

A primeira idéia deste verso é que alguém só pode tornar-se um mahatma após muitos e muitos nascimentos (bahunam janmanam ante). A alma transmigra através de muitos corpos, um após outro. Existem 8.400.000 diferentes espécies de vida, e evoluímos através delas até alcançarmos a forma de vida humana. Só então podemos nos tornar um mahatma. É por isso que Krsna diz que bahunam janmanam ante: “Após muitíssimos nascimentos a pessoa talvez se torne um mahatma”.

No Srimad-Bhagavatam há um verso semelhante. Labdhva sudur labham idam bahu-sambhavante: “Após muitos e muitos nascimentos a pessoa obtém um corpo humano, que é muito difícil de se obter”. Esta forma de vida humana não é barata. Os corpos de cães, gatos e outros animais são baratos, mas esta forma humana não é. Após nascermos em pelo menos oito milhões de diferentes espécies, obtemos esta forma humana. Por isso, o Bhagavatam e a Bhagavad-gíta dizem a mesma coisa. Todas as escrituras védicas corroboram este fato, e quem consegue compreendê-las não encontra contradição alguma.

Desse modo, a forma de vida humana é obtida após muitíssimos nascimentos em formas de vida não humanas. Mas mesmo nesta forma de vida humana, são necessários muitíssimos nascimentos para quem está cultivando o conhecimento acerca do ponto central da existência. Se alguém de fato cultiva conhecimento espiritual — não em uma vida, mas em muitas e muitas vidas — por fim chega à plataforma mais elevada de conhecimento e é chamado jnanavan, “o possuidor de conhecimento verdadeiro”. Então, Krsna diz que mam prapadyate: “Ele se rende a Mim, Krsna, ou Deus”. (Ao dizer “Krsna”, refiro-me ao Senhor Supremo, a Suprema Personalidade de Deus todo-atrativo.)

Por que um homem que tem conhecimento se rende a Krsna? Vasudevah sarvam iti: Porque ele sabe que Vasudeva, Krsna, é tudo — que ele é o ponto central de todos os sentimentos amorosos. Então, sa mahatma su-durlabhah. Aqui é usada a palavra mahatma. Após cultivar conhecimento por muitos e muitos nascimentos, a pessoa que expande sua consciência ao ponto de amar a Deus é um mahatma, uma grande alma. Deus é grandioso, e seu devoto também é grandioso. Mas Krsna diz que sa mahatma su-durlabhah: é muito raro encontrar essa classe de grandes almas. Essa é a descrição de um mahatma que encontramos no Bhagavad-gíta.

Agora expandimos nossos sentimentos amorosos a diversos objetos. Podemos amar nosso país, podemos amar nossa comunidade, podemos amar nossa família, podemos amar nossos cães e gatos. De qualquer maneira, temos amor, e o expandimos de acordo com o nosso conhecimento. E quando nosso conhecimento é perfeito, chegamos ao ponto de amar a Krsna. Essa é a perfeição. Amor por Krsna é a meta de todas as atividades, a meta da vida.

O Srimad-Bhagavatam [1.2.8] confirma que a meta da vida é Krsna:

dharmah svanusthitah pumsam
visvaksena-kathasu yah
norpadayed yadi ratim
srama eva hi kevalam

As primeiras palavras deste verso são dharmah svanusthitah pumsam. Isto quer dizer que todos fazem seus deveres de acordo com sua posição. O pai de família tem alguns deveres, o sannyasi [renunciante] tem alguns deveres, o brahmacari [estudante celibatário] tem alguns deveres. Existem diferentes espécies de deveres conforme as diferentes ocupações ou profissões. Mas o Bhagavatam diz que, se através da perfeita execução dos deveres a pessoa não chega a compreender Krsna, então tudo o que ela fez não passa de mero esforço inútil (srama eva hi kevalam). Então, se alguém quer chegar à perfeição, então deve tentar amar a Krsna. Dessa maneira, seus sentimentos amorosos nacionalistas ou internacionalistas de fato se expandirão até seus limites.

Agora, digamos que um homem afirme: “Sim, expandi meus sentimentos amorosos muito amplamente”. Isso está bem, mas ele deve mostrar os sintomas de como seus sentimentos amorosos são expandidos. Como Krsna diz no Bhagavad-gíta [5.18]:

vidya-vinaya-sampanne
brahmane gavi hastini
suni caiva svapake ca
panditah sama-darsinah

Se alguém é de fato um pandita, alguém que se elevou ao nível de sabedoria perfeita, deve então ver a todos da mesma maneira (sama-darsinah). Porque a visão de um pandita não está mais absorta apenas no corpo, ele vê um brahmana erudito como alma espiritual, ele vê um cão como alma espiritual, ele vê um elefante como alma espiritual, e ele também vê um homem de classe inferior como alma espiritual. Desde o brahmana de alto nascimento até o candala [pária], existem muitas classes sociais na sociedade humana, mas se alguém é deveras erudito ele vê a todos, a todas as entidades vivas, no mesmo nível. Essa é a plataforma de compreensão verdadeira.

Tentamos expandir nossos sentimentos a nível social, comunal, nacional, internacional ou universal. Essa é a nossa função natural — expandir a consciência. Porém, o meu ponto é que se realmente queremos expandir nossa consciência ao máximo, temos de encontrar o verdadeiro centro da existência. Esse centro é Krsna, ou Deus. Como sabemos que Krsna é Deus? O próprio Krsna declara ser Deus no Bhagavad-gíta. Por favor, sempre lembrem que o movimento da consciência de Krsna é baseado no entendimento dado no Bhagavad-gita como ele é. Tudo o que falo está contido no Bhagavad-gíta. Infelizmente, o Bhagavad-gíta tem sido mal interpretado por muitos comentadores, de tal forma que as pessoas têm uma compreensão errônea acerca dele. Na verdade, o propósito do Bhagavad-gíta é desenvolver consciência de Krsna, amor por Krsna, e é isso que estamos tentando ensinar.

No Bhagavad-gíta Krsna faz diversas descrições de um mahatma. Ele diz que mahatmanas tu mam partha daivim prakrtim asritah: “Um mahatma, aquele que é deveras sábio e liberal, está sob o refúgio de Minha energia espiritual”. Ele não está mais sob o encanto da energia material.

Tudo o que vemos é constituído das diversas energias de Deus. Nos Upanisads afirma-se que parasya-saktir vividhaiva sruyate: “A Suprema Verdade Absoluta tem muitas variedades de energias”. E essas energias agem tão bem que parecem funcionar de forma automática (svabhaviki jnana-bala-kriya ca). Por exemplo, todos já vimos uma flor desabrochada. Talvez pensemos que ela desabrochou automaticamente e se tornou tão bela. Mas não, a energia material de Deus está agindo.

De forma semelhante, Krsna tem uma energia espiritual. E um mahatma, aquele que é inteligente, está sob a proteção dessa energia espiritual; ele não está sob o encanto da energia material. Tudo isso é explicado no Bhagavad-gíta. Há muitas versos no Bhagavad-gíta que descrevem como funcionam as energias de Krsna, e nossa missão é apresentar o Bhagavad-gíta come ele é, sem nenhum comentário absurdo. Não há necessidade de comentários absurdos. O Bhagavad-gíta é tão claro quanto a luz do sol.

Assim como ninguém precisa de uma lâmpada para ver o sol, ninguém precisa do comentário de um homem comum e ignorante para estudar o Bhagavad-gíta. Deve-se estudar o Bhagavad-gíta como ele é. Então obteremos todo o conhecimento espiritual, nos tornaremos sábios e compreenderemos Krsna. Desse modo, nós nos renderemos a Ele e nos tornaremos mahatmas.

Agora, quais são as atividades de um mahatma? O mahatma está sob a proteção da energia espiritual de Krsna, mas qual é o sintoma dessa proteção? Krsna diz que mam. ..bhajanty ananya-manasah:

“Um mahatma está sempre ocupado em serviço devocional a Mim”. Este é o principal sintoma de um mahatma ele está sempre servindo a Krsna. Ele se ocupa nesse serviço devocional cegamente? Não. Krsna diz que jnatva bhutadim avyayam: “Ele sabe perfeitamente que Eu sou a fonte de tudo”.

Dessa maneira, Krsna explica tudo no Bhagavad-gíta. E o propósito do movimento da consciência de Krsna é difundir o conhecimento contido no Bhagavad-gíta sem acrescentar nenhum comentário absurdo. Então, a sociedade humana se beneficiará com este conhecimento.

No momento, a sociedade não está numa condição sadia, mas se as pessoas entenderem o Bhagavad-gíta e se de fato ampliarem seu modo de ver, todos os problemas sociais, nacionais e internacionais serão solucionados automaticamente. Não haverá nenhuma dificuldade. Porém, se não encontrarmos qual é o centro da existência, se inventarmos nossos próprios meios de expandir esses sentimentos amorosos, só haverá conflitos — não apenas entre os indivíduos, mas entre as diferentes nações do mundo. As nações estão tentando ser unidas; em seu país existem as Nações Unidas. Infelizmente, em vez das nações se unirem, as bandeiras estão aumentando. De forma semelhante, a Índia já foi um só pais, Indostão. Agora também há o Paquistão. E talvez no futuro haverá o Siquistão e depois algum outro “stão”.

Em vez de nos unirmos, estamos nos desunindo, porque desconhecemos o centro. Portanto, meu pedido, já que vocês todos são estudantes internacionais, é que por favor tentem encontrar o verdadeiro centro de seu movimento internacional. Verdadeiro sentimento internacionalista será possível quando vocês entenderem que o centro é Krsna. Então seu movimento internacional será perfeito.

No Décimo Quarto Capitulo do Bhagavad-gíta [14.4], o Senhor Krsna diz:

sarva-yonisu kaunteya
murtayah sambhavanti yah
tasam brahma mahad yonir
aham bija-pradah pita

Nesta passagem Krsna diz: “Eu sou o pai de todas as formas de vida. A natureza material é a mãe, e Eu sou o pai que dá a semente”. Sem um pai e uma mãe, ninguém pode nascer. O pai dá a semente, e a mãe fornece o corpo. Neste mundo, a mãe de todos nós desde o Senhor Brahma até a formiga — é a natureza material. Nosso corpo é matéria; portanto, ele é uma dádiva da natureza material, nossa mãe. Mas. eu, a alma espiritual, sou parte integrante do pai supremo, Krsna. Krsna diz que mamaivamso...jiva-bhatah: “Todas essas entidades vivas são partes integrantes de Mim”.

Portanto, se vocês querem ampliar seu sentimento de companheirismo ao limite máximo, por favor, tentem entender o Bhagavad-gíta. Vocês se tornarão iluminados, verdadeiros mahatmas. Sentirão afeição até mesmo pelos cães, gatos e répteis. No Sétimo Canto do Srimad-Bhagavatam encontramos uma afirmação de Narada Muni em que ele diz que se há uma serpente na casa, a pessoa deve dar-lhe algo para comer. Vejam só como podemos expandir nossos sentimentos! Se nos preocuparemos até com uma serpente, que se dizer dos outros animais e seres humanos.

Sendo assim, não podemos nos tornar iluminados, sem que cheguemos ao ponto de compreender a Deus, ou Krsna. Por isso estamos pregando a consciência de Krsna no mundo inteiro. O movimento da consciência de Krsna não é novo. Como eu já lhes disse, ele se baseia nos princípios do Bhagavad-gíta, e o Bhagavad-gíta é uma escritura milenar. Do ponto de vista histórico, ele tem cinco mil anos. Do ponto de vista pré-histórico, ele tem milhões de anos. Krsna diz no Quarto Capitulo que imam vivasvate yogam proktavan aham avyayam: “Eu primeiro falei esta ciência antiga da yoga ao deus do Sol”. Isso quer dizer que Krsna primeiro falou o Bhagavad-gíta há alguns milhões de anos. Mas apenas do ponto de vista histórico, o Bhagavad-gíta existe desde os dias da Batalha de Kuruksetra, a qual ocorreu cinco mil anos atrás. Portanto, ele é mais antigo do que qualquer outra escritura do mundo.

Tentem compreender o Bhagavad-gíta como ele é, sem nenhum comentário irrelevante. As palavras do Bhagavad-gíta são suficientes para dar-nos i1uminação, mas infelizmente as pessoas tiram proveito da popularidade do Bhagavad-gíta e tentam expressar sua própria filosofia sob o refúgio do Bhagavad-gíta. Isso é inútil. Tentem entender o Bhagavad-gíta como ele é. Então, vocês se tornarão iluminados e compreenderão que Krsna é o centro de todas as atividades. E caso vocês se tornarem conscientes de Krsna, tudo será perfeito e todos os problemas serão solucionados.

Muito obrigado. Alguma pergunta?

Estudante indiano: Eu não sei o sânscrito exato do Gita, mas em alguma parte Krsna diz: “Todos os caminhos levam a Mim. Não importa o que a pessoa faça, não importa o que ela pense, não importa com o que ela esteja envolvida, por fim ela chegará a Mim”. Sendo assim, i1uminaçao é uma evo1ução natural?

Sri1a Prabhupada: Não, Krsna jamais diz que, a despeito de alguém fazer qualquer coisa, ou pensar qualquer coisa ele naturalmente chegará a Krsna. Tornar-se iluminado em consciência de Krsna não é natural para a alma condicionada. É necessário receber instrução do mestre espiritual. Senão, por que Krsna instruiu Arjuna? Você tem de receber conhecimento de uma pessoa superior e seguir suas instruções.

Arjuna estava perplexo. Ele não conseguia entender se devia lutar ou não. Do mesmo modo, todos no mundo material estão perplexos. Por isso, precisamos da orientação de Krsna ou de seu representante genuíno. Então podemos nos tornar iluminados.

A evolução é natural através das espécies animais. Porém, ao chegarmos na forma de vida humana, podemos usar nosso próprio discernimento. Conforme seu desejo, você escolhe seu próprio caminho. Se você quer Krsna, pode ir para Krsna; se você quer algo mais, pode ir para lá. Isso depende de seu discernimento.

Todos têm um pouco de independência. No final do Bhagavad-gíta [18.66] Krsna diz que sarva-dharman parityajya mam ekam saranam vraja:’ “Simplesmente abandone tudo e renda-se a Mim”. Se esta rendição fosse natural, por que Krsna diria: “Você deve fazer isso”? Não. Rendição a Krsna não é natural em nosso estado materialmente condicionado. Temos de aprender isso. Portanto, devemos ouvir um mestre espiritual genuíno — Krsna ou Seu representante autorizado — e seguir suas instruções. Isso nos levará à plataforma de plena iluminação em consciência de Krsna.
हरे कृष्णा हरे कृष्णा = hare krsna hare krsna
कृष्णा कृष्णा हरे हरे = krsna krsna hare hare
हरे राम हरे राम = hare rama hare rama
राम राम हरे हरे = rama rama hare hare
Sri Guru-carana-padma

Os pés de lótus de Sri Guru

Srila Narottama dasa Thakura


sri guru-carana-padma, kevala bhakti-sadma

vando mui savadhana mate

jahara prasade bhai, e bhava toriya jai

krsna-prapti hoya jaha ha’te


Os pés de lótus de Sri Gurudeva são o depósito de riquezas de sri, prema-bhakti imaculada por Krsna. Mui cuidadosamente adoro e sirvo estes pés de lótus (gurupada padma). Por sua misericórdia, ó irmão, qualquer um pode atravessar este vasto oceano de miséria e alcançar os pés de lótus de Sri Krsna.


guru-mukha-padma-vakya, cittete koriya aikya

ara na koriho mane asa

sri guru-carane rati, ei se uttama gati

je prasade pure sarva asa



Ele me concede a dádiva da visão transcendental e ilumina o meu coração com conhecimento transcendental. Ele é meu mestre nascimento após nascimento. Dele emana prAs palavras que emanam da boca de lótus de Sri Gurudeva devem ser abraçadas dentro do coração. Nenhuma aspiração, além de suas palavras, deve lá entrar porque suas instruções conduzem-nos ao objetivo mais elevado – rati, ou apego aos seus pés de lótus. Por sua graça, todos nossos desejos por perfeição espiritual são satisfeitos.


caksu-dana dila jei, janme janme prabhu sei

divya-jñana hrde prakasito

prema-bhakti jaha hoite, avidya vinasa jate

vede gaya jahara carito

ema-bhakti, amorosa devoção divina, pela qual a ignorância é destruída. As escrituras védicas cantam o seu caráter.


sri guru karuna-sindhu, adhama janara bandhu

lokanatha lokera jivana

ha ha prabhu koro doya, deha more pada-chaya

tuwa pade lainu sarana

(ebe jasa ghusuka tribhuvana)

Sri Gurudeva é o oceano de misericórdia, o maior amigo dos desamparados, a vida e alma de todos! Ó mestre, seja misericordioso! Ai de mim! Ó Gurudeva, dê-me sombra aos seus pés de lótus – pois a eles me rendi.
Sua fama se espalhará por todo os três mundos).


JAYA SRILA PRABHUPADA